Tuesday, December 14, 2021

Discurso do secretário Antony J. Blinken sobre “Um Indo-Pacífico Livre e Aberto”

Department of State United States of America

Tradução cortesia do Departamento de Estado dos Estados Unidos



Departamento de Estado dos EUA
Escritório do Porta-voz
DISCURSO
14 de dezembro de 2021

Universitas Indonésia
Jacarta, Indonésia

Secretário Blinken:  Muito bom dia a todos.  É maravilhoso estar com todos vocês.  E para a Dra. Kusumayati, muito obrigado por essa apresentação tão generosa.  Mas mais do que isso, obrigado por décadas de serviço trabalhando para melhorar a saúde pública, educar a próxima geração de médicos e enfermeiras — inclusive por ser a primeira mulher a ocupar o posto de reitora da Escola de Saúde Pública da Universidade.  Desde sua pesquisa sobre saúde reprodutiva à sua liderança no grupo de trabalho sobre a Covid-19 na Indonésia, sua dedicação à comunidade é verdadeiramente uma fonte de inspiração, e eu lhe agradeço.

E bom dia a todos aqui. Selamat pagi.  É maravilhoso estar de volta a Jacarta.  Estive aqui em algumas ocasiões quando fiz parte do governo pela última vez como subsecretário de Estado, e estava ansioso por esta oportunidade de regressar à maior democracia do Sudeste Asiático.

E para os estudantes que estão nesta sala, espero que seja bom estar de volta ao campus.  Entendo que muitos de vocês têm estudado à distância há já algum tempo e estão ansiosos para realmente voltar para a sala de aula, e fico feliz por ser um pretexto a fim de trazê-los de volta hoje.  Eu sei, doutora, a senhora e o grupo de trabalho querem os alunos de volta, e eu sei o quanto todos estão ansiosos por isso.

Estou aqui, estamos aqui, porque o que acontece no Indo-Pacífico vai, mais do que qualquer outra região, moldar a trajetória do mundo no século 21.

O Indo-Pacífico é a região de crescimento mais rápido do planeta.  É responsável por 60% da economia mundial, dois terços de todo o crescimento econômico dos últimos cinco anos.  Abriga mais da metade da população mundial, sete das 15 maiores economias.

E é magnificamente diversificado, mais de 3 mil idiomas, numerosas crenças que se estendem por dois oceanos e três continentes.

Mesmo um único país como a Indonésia abriga uma rica manta de retalhos que é difícil de resumir, exceto por sua variedade.  E o lema desta nação é — Bhinneka Tunggal Ika, unidade na diversidade — o que soa bastante familiar a um americano.  Nos Estados Unidos dizemos E Pluribus Unum, de entre muitos, um. É a mesma ideia.

Os Estados Unidos foram, são e sempre serão uma nação indo-pacífica.  Esse é um fato geográfico, desde nossos estados da costa do Pacífico até Guam, nossos territórios pelo Pacífico.  E é uma realidade histórica, demonstrada por nossos dois séculos de comércio e outros laços com a região.

Hoje, metade dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos estão na região do Indo-Pacífico.  É o destino de quase um terço de nossas exportações, a fonte de US$ 900 bilhões em investimento estrangeiro direto nos Estados Unidos, e isso está criando milhões de empregos espalhados por todos os nossos 50 estados.  E os membros de nossas Forças Armadas estão estacionados na região em número maior do que em qualquer outro lugar fora dos Estados Unidos continental, garantindo a paz e a segurança, algo vital para a prosperidade na região, e que é benéfico para todos nós.

E, claro, estamos interligados por nosso povo, cujas ligações remontam a gerações.  Há mais de 24 milhões de americanos de origem asiática que vivem nos Estados Unidos, dentre os quais o embaixador Sung Kim, quando ele não está servindo seu país em uma ou outra parte do mundo, como ele tem feito nas últimas três décadas.

Antes da pandemia, havia mais de 775 mil estudantes do Indo-Pacífico estudando em faculdades e universidades americanas.  E seus colegas americanos aqui na Universitas Indonésia estão entre os milhões de americanos que vieram para a região a fim de estudar, trabalhar, viver, dos quais um que acabou se tornando nosso presidente.

Há um provérbio indonésio — um provérbio que me disseram que se ensina às crianças desde a mais tenra idade: "Temos duas orelhas, mas uma só boca". Que significa que antes de falarmos ou agirmos, temos de escutar.  E temos escutado muito as pessoas no Indo-Pacífico no primeiro ano deste governo visando entender a sua visão para a região e para seu futuro.

Recebemos dirigentes da região em nosso país, incluindo os dois primeiros líderes estrangeiros oriundos do Japão e da Coreia do Sul, que o presidente Biden recebeu depois de tomar posse, assim como todos os ministros das Relações Exteriores que tive o privilégio de receber no Departamento de Estado, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Retno .  E nós viemos para a sua região — a vice-presidente, Harris, o secretário de Defesa, Austin, a secretária de Comércio, Raimondo, e tantos outros membros do Gabinete, sem mencionar muitos funcionários do alto escalão do Departamento de Estado da minha equipe.

O presidente participou de numerosas cúpulas de líderes realizadas pelos principais organismos regionais: o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec); as Cúpulas dos EUA e Asean, e a da Ásia Oriental; e o Quad, composto por Índia, Japão e Austrália.  Fiz o mesmo com colegas ministros das Relações Exteriores, incluindo a realização da Parceria Ministerial Mekong-EUA. O presidente Biden também se reuniu com dirigentes da região do Indo-Pacífico no estrangeiro, incluindo uma reunião muito produtiva com o presidente Jokowi em Glasgow durante a COP26.

Mas não escutamos somente os líderes. Em nossas Embaixadas e Consulados, por toda a região, nossos diplomatas estão utilizando os dois ouvidos para recolher a opinião de pessoas de todas as origens — estudantes, ativistas, acadêmicos, empresários.

E embora seja uma região extraordinariamente diversificada com interesses distintos, visões distintas, vemos uma grande convergência entre a visão que ouvimos da região Indo-Pacífica e a nossa.

Os povos e os governos da região querem mais e melhores oportunidades para todos os seus cidadãos. Querem mais oportunidades para se conectarem — no seio das suas nações, entre suas nações, ao redor do mundo. Querem estar mais bem preparados para crises como a pandemia que estamos vivenciando. Querem paz e estabilidade.  Querem que os Estados Unidos estejam mais presentes e mais engajados. E acima de tudo, querem uma região mais livre e mais aberta.

O que eu gostaria de fazer hoje é tentar definir essa visão compartilhada e mostrar a forma como vamos trabalhar juntos para torná-la uma realidade.  E há cinco elementos fundamentais que eu gostaria de realçar.

Primeiro, vamos promover uma região do Indo-Pacífico livre e aberta.

Pois bem, falamos muito sobre um Indo-Pacífico livre e aberto, mas não costumamos definir o que realmente queremos dizer com isso.  Liberdade é a capacidade de escrever seu futuro e ter voz em relação ao que acontece em sua comunidade e em seu país, não importa quem você é ou quem você conhece.  E a abertura decorre naturalmente da liberdade.  Os lugares livres estão abertos às novas informações e pontos de vista.  Estão abertos a diferentes culturas, religiões, modos de vida.  Estão abertos à crítica, à autorreflexão, bem como à renovação.

Quando dizemos que queremos um Indo-Pacífico livre e aberto, queremos dizer que, no âmbito individual, as pessoas serão livres em sua vida diária e viverão em sociedades abertas.  Queremos dizer que, no âmbito estatal, cada país poderá escolher seu próprio caminho e seus próprios parceiros.  E queremos dizer que, no âmbito regional, nesta região do mundo, os problemas serão tratados abertamente, as regras serão estabelecidas com transparência e aplicadas de forma justa, os bens e as ideias e as pessoas circularão livremente pela terra, pelo ciberespaço e pelo alto mar.

Todos nós temos interesse em garantir que a região mais dinâmica do mundo esteja livre de coação e acessível a todos.  Isso é positivo para as pessoas de toda a região.  É positivo para os americanos porque a história mostra que quando esta vasta região é livre e aberta, os Estados Unidos são mais seguros e mais prósperos.  Portanto, vamos trabalhar com nossos parceiros em toda a região para tentar concretizar essa visão.

Continuaremos a apoiar grupos anticorrupção e de transparência, jornalistas investigativos, grupos de reflexão em toda a região, como o Instituto Advocata, no Sri Lanka.  Com nosso apoio, esse instituto criou um registro público de empresas estatais tais como bancos e companhias aéreas que operam com grandes perdas, e propôs maneiras de as reformar.

Também encontramos parceiros no governo, como Victor Sotto.  Ele é o prefeito da cidade de Pasig, nas Filipinas.  O Victor criou uma linha direta 24 horas por dia e 7 dias da semana para que eleitores denunciem casos de corrupção.  Tornou a concessão de contratos públicos mais transparente, deu voz às organizações comunitárias na forma como a cidade gasta os seus recursos.  Ele faz parte do primeiro grupo de defensores mundiais do combate à corrupção do Departamento de Estado que anunciamos no início deste ano.

E continuaremos a aprender com as outras democracias as melhores práticas. Essa é a ideia subjacente da Cúpula pela Democracia que o presidente Biden convocou na semana passada, onde o presidente Jokowi discursou — na verdade, ele foi o primeiro orador — e o Fórum sobre a Democracia de Bali que a Indonésia acabou de realizar pela décima quarta vez, e onde tive a oportunidade de discursar.

Também vamos nos opor a líderes que não respeitam os direitos do seu povo, como é o caso atualmente na Birmânia.  Continuaremos trabalhando com nossos aliados e parceiros visando pressionar o regime a cessar sua violência indiscriminada, libertar todos os detidos injustamente, permitir o acesso sem obstáculos e restaurar o caminho da Birmânia rumo a uma democracia inclusiva.

A Asean desenvolveu um Consenso com Cinco Pontos e apela ao regime para que se lance em um diálogo construtivo com todas as partes no intuito de procurar uma solução pacífica que respeite a vontade do povo birmanês, um objetivo do qual não desistiremos.

Uma outra forma de promover a liberdade e a abertura é defender uma internet aberta, interoperável, segura e confiável contra aqueles que estão trabalhando ativamente para tornar a internet mais fechada, mais fraturada e menos segura.  Vamos trabalhar com nossos parceiros a fim de defender esses princípios e ajudar a construir sistemas seguros e confiáveis que estabelecem as bases para isso.  Durante a Cúpula de Líderes Moon-Biden que ocorreu no início deste ano, a República da Coreia e os Estados Unidos anunciaram mais de US$ 3,5 bilhões de investimento em tecnologias emergentes, incluindo a investigação e o desenvolvimento de redes seguras 5G e 6G.

Finalmente, vamos trabalhar com os nossos aliados e parceiros para defender a ordem baseada em regras que construímos juntos durante décadas visando garantir que a região permaneça aberta e acessível.

E permitam-me ser claro sobre uma coisa: o objetivo de defender a ordem baseada em regras não é para limitar nenhum país.  Pelo contrário, é para proteger o direito que todos os países têm de escolher seu próprio caminho, livre de coação, livre de intimidação. Não se trata de uma disputa entre uma região centrada nos Estados Unidos ou uma região centrada na China. O Indo-Pacífico é por si próprio uma região. Trata-se antes de defender os direitos e os acordos que são responsáveis pelo período mais pacífico e próspero que esta região e o mundo já viveram.

É por isso que existe tanta preocupação, desde o Nordeste Asiático ao Sudeste Asiático e do rio Mekong às ilhas do Pacífico, em relação às ações agressivas de Pequim, ao reivindicar o mar aberto como seu, distorcer mercados abertos por meio de subsídios para suas empresas estatais, negar as exportações ou revogar acordos com países cujas políticas não concorda, envolver-se em atividades de pesca ilegal, não declarada e não regulamentada.  Países de toda a região querem que esse comportamento mude.

E nós também, e essa é a razão pela qual estamos determinados em garantir a liberdade de navegação no Mar do Sul da China, onde as ações agressivas de Pequim ameaçam o movimento de mais de US$ 3 trilhões de comércio todos os anos.

Vale a pena lembrar que, vinculado a esse número colossal de US$ 3 trilhões, estão os verdadeiros meios de subsistência e o bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo.  Quando o comércio não pode atravessar o mar aberto, isso significa que os agricultores ficam impedidos de transportar seus produtos; as fábricas ficam impedidas de enviar seus microchips; os hospitais ficam impedidos de obter medicamentos que salvam vidas.

Há cinco anos, um tribunal internacional proferiu uma decisão unânime e juridicamente vinculativa ao rejeitar decididamente as reivindicações marítimas ilegais e expansivas no Mar do Sul da China por serem incompatíveis com o Direito Internacional.  Nós, assim como outros países, incluindo os demandantes do Mar do Sul da China, continuaremos a denunciar tais comportamentos.  É também por isso que temos um interesse permanente na paz e na estabilidade no Estreito de Taiwan, de acordo com nossos compromissos existentes de longa data.

Em segundo lugar, vamos criar laços mais fortes dentro e fora da região.  Vamos aprofundar nossas alianças convencionais com o Japão, a República da Coreia, a Austrália, as Filipinas e a Tailândia.  Esses vínculos constituem há muito tempo a base para a paz, a segurança e a prosperidade na região.  Promoveremos também uma maior cooperação entre esses aliados.  Essa é uma das coisas que fizemos ao aprofundar a cooperação trilateral entre os EUA, o Japão e a Coreia do Sul, e ao lançar um novo acordo histórico de cooperação de segurança com a Austrália e o Reino Unido.  Encontraremos formas de unir nossos aliados com nossos parceiros, como fizemos ao revigorar o Quad.  E vamos reforçar nossa parceria com uma Asean forte e independente.

A centralidade da Asean significa que vamos continuar trabalhando com e através da Asean a fim de aprofundar ainda mais nosso compromisso com a região, dado o alinhamento entre a nossa visão e a perspectiva da Asean sobre o Indo-Pacífico.

Em outubro, o presidente Biden anunciou mais de US$ 100 milhões para reforçar nossa cooperação com a Asean em áreas chave, incluindo a saúde pública e o empoderamento das mulheres.  E o presidente convidará os líderes da Asean para uma cúpula nos Estados Unidos nos próximos meses a fim de discutir como podemos aprofundar nossa parceria estratégica.

Estamos reforçando as parcerias estratégicas com outros países da região:  Cingapura, Vietnã, Malásia e, claro, Indonésia.  É a razão pela qual eu fiz esta viagem.

Também estamos aprofundando os laços entre nossos povos.  A Iniciativa Jovens Líderes do Sudeste Asiático (Yseali), programa principal que tem o intuito de capacitar as novas gerações de líderes do Sudeste Asiático conta com mais de 150 mil membros e continua crescendo.

Finalmente, vamos trabalhar para conectar nossas relações na região do Indo-Pacífico com um sistema inigualável de alianças e parcerias fora da região, nomeadamente na Europa.  A União Europeia lançou recentemente uma estratégia indo-pacífica que se alinha estreitamente com nossa própria visão.  Na Otan, estamos atualizando o nosso Conceito Estratégico a fim de que seja o reflexo da importância crescente do Indo-Pacífico e enfrentando novas ameaças, tais como as consequências da crise climática no âmbito da segurança.  E estamos colocando a centralidade da Asean no âmago de nosso trabalho com nossos parceiros.  Fizemos isso há apenas alguns dias, quando os ministros do G7 se reuniram no Reino Unido e tiveram reuniões com seus parceiros da Asean pela primeira vez.

Estamos fazendo tudo isso por uma razão simples: nos permite constituir as coligações mais amplas e eficazes visando enfrentar qualquer desafio, aproveitar qualquer oportunidade, trabalhar em busca de qualquer objetivo.  Quanto mais países pudermos reunir em torno de interesses comuns, mais fortes seremos.

Em terceiro lugar, vamos promover prosperidade em escala ampla. Os Estados Unidos já forneceram mais de US$ 1 trilhão em investimento estrangeiro direto na região do Indo-Pacífico.  A região nos disse alto e claramente que quer que façamos mais.  Pretendemos responder a esse apelo.  Seguindo as instruções do presidente Biden, estamos desenvolvendo uma estrutura econômica abrangente para a região do Indo-Pacífico visando perseguir nossos objetivos comuns, inclusive no que diz respeito a comércio e economia digital, tecnologia, cadeias de abastecimento resilientes, descarbonização, energia limpa, infraestrutura, padrões para os trabalhadores assim como outras áreas de interesse comum.

Nossa diplomacia desempenhará um papel fundamental.  Vamos identificar oportunidades que as empresas americanas não estão encontrando por si mesmas e facilitar o trabalho delas a fim de que levem seus conhecimentos e seu capital para novos lugares e novos setores.  Nossos postos diplomáticos e nossas Embaixadas em todo o Indo-Pacífico já se adiantaram nessa questão, e vamos aumentar suas capacidades para que possam fazer mais.  Mais de 2.300 líderes empresariais e governamentais da região se juntaram a mim para o Fórum Empresarial do Indo-Pacífico deste ano, que organizamos em conjunto com a Índia, e onde anunciamos quase US$ 7 bilhões em novos projetos do setor privado.

Vamos trabalhar com nossos parceiros a fim de moldar as regras da economia digital que está em expansão no que se refere a questões-chave como a privacidade e a segurança de dados, mas de uma forma que reflita nossos valores e liberte oportunidades para nossos colaboradores.  Porque se nós não as moldarmos, outros o farão.  E há grandes chances de que eles o façam de uma forma que não promova nossos interesses ou nossos valores comuns.

Durante a reunião da Apec, em novembro, o presidente Biden apresentou uma visão clara de como podemos construir um caminho comum para a região.  No que diz respeito às tecnologias digitais, ele falou sobre a necessidade de uma internet aberta, interoperável, confiável e segura, e sobre nosso forte interesse em investir em segurança cibernética e em desenvolver padrões de economia digital que permitirão a todas as nossas economias competir no futuro.  E quando a representante dos EUA para o Comércio, a senhora Tai e eu codirigimos nossa delegação à reunião ministerial da Apec em novembro, nos concentramos na necessidade de garantir que a tecnologia sirva a um Indo-Pacífico livre e aberto.

Também vamos promover um comércio justo e resiliente.  Essa é a história do projeto Janela Única da Asean, que os Estados Unidos apoiaram para criar um sistema automatizado único de desembaraço aduaneiro em toda a região.  Esse projeto ajudou a agilizar o comércio, tornando-o mais transparente e seguro, baixando os custos para as empresas e os preços para os consumidores.  E a mudança do papel para o digital na alfândega tornou possível manter o comércio transfronteiriço em movimento, mesmo até durante os lockdowns.

No decorrer do primeiro ano da pandemia, os países mais ativos na plataforma viram a sua atividade comercial aumentar 20%, quando a maior parte do comércio transfronteiriço estava realmente em queda. E durante a Cúpula entre EUA e a Asean em outubro, o presidente Biden se comprometeu a dar apoio adicional dos EUA à Janela Única. Vamos trabalhar com nossos parceiros para tornar nossas cadeias de abastecimento mais seguras e mais resilientes.  Penso que todos nós vimos, com a pandemia, o quão vulneráveis elas são, o quão prejudiciais as interrupções podem ser, incluindo a escassez de máscaras e microchips, e o acúmulo de mercadorias nos portos.

Levamos a cabo esforços para reunir a comunidade internacional a fim de tentar resolver esses entraves e construir uma maior resiliência perante choques futuros.  O presidente Biden convocou uma Cúpula de Líderes sobre a resiliência da cadeia de abastecimento.  A vice-presidente, Kamala Harris, fez disso um tema central de suas reuniões durante sua visita à região.  A secretária de Comércio, Gina Raimondo, abordou a questão com Austrália, Nova Zelândia, Cingapura e Malásia durante sua recente viagem.  E a representante dos EUA para o Comércio, Katherine Tai, lançou a Força de trabalho Interagências sobre o Comércio da Cadeia de Abastecimento e suscitou a questão durante sua viagem ao Japão, à República da Coreia e à Índia. No decorrer do novo ano, a secretária de Comércio, Gina Raimondo, e eu vamos nos juntar para reunir os líderes do governo e do setor privado de todo o mundo a fim de tratar dessas questões em um Fórum Global da Cadeia de Abastecimento.  Enquanto hub central de uma grande parte da produção e do comércio mundial, esta região, o Indo-Pacífico, estará no centro desses esforços.

Finalmente, vamos ajudar a reduzir as disparidades no que diz respeito a infraestrutura.  Existe, quer nesta região como em todo o mundo, uma grande lacuna entre as necessidades de infraestrutura e o que é atualmente fornecido. Portos, estradas, redes elétricas, banda larga — são todos pilares para o comércio global, a conectividade, as oportunidades e a prosperidade.  E são elementos essenciais para o crescimento inclusivo do Indo-Pacífico.  Mas estamos ouvindo preocupações crescentes de autoridades governamentais, da indústria, de trabalhadores e comunidades da região do Indo-Pacífico sobre o que acontece quando as infraestruturas não são corretamente realizadas, por exemplo quando são concedidas por meio de processos obscuros e corrompidos, ou quando são construídas por empresas estrangeiras que importam a sua própria mão-de-obra, extraem recursos, poluem o meio ambiente e endividam as comunidades.

Os países do Indo-Pacífico querem um melhor tipo de infraestrutura.  Mas muitos acham que custa muito caro, ou se sentem pressionados em aceitar maus contratos com termos estabelecidos por outros, em vez de não aceitarem nenhum negócio.  Portanto, vamos trabalhar com os países da região para oferecer infraestrutura de alta qualidade e de alto padrão que as pessoas merecem.  Na verdade, já estamos fazendo isso.

Ainda esta semana, juntamente com a Austrália e o Japão, anunciamos uma parceria com os Estados Federados da Micronésia, com o Kiribati e Nauru a fim de construir um novo cabo submarino no intuito de melhorar a conectividade de internet para essas nações do Pacífico.  E desde 2015, os membros do Quad já forneceram mais de US$ 48 bilhões em financiamento apoiado pelo governo para a infraestrutura da região. Isso representa milhares de projetos em mais de 30 países, desde o desenvolvimento rural à energia renovável. E beneficia milhões de pessoas.

O Quad lançou recentemente um grupo de coordenação de infraestrutura para catalisar ainda mais investimentos, e está procurando estabelecer parcerias com o Sudeste Asiático em matéria de infraestrutura e muitas outras prioridades comuns.  Os Estados Unidos vão fazer mais do que isso.  A Parceria Reconstruir um Mundo Melhor, que lançamos com os nossos parceiros do G7 em junho, está empenhada em mobilizar centenas de bilhões de dólares em financiamentos transparentes e sustentáveis no decorrer dos próximos anos.  E, juntamente com a Austrália e o Japão, lançamos a Rede Ponto Azul para começar a certificar projetos de infraestrutura de alta qualidade que atendam aos critérios desenvolvidos pelo G20, pela OCDE e outros, assim como visando atrair mais investidores.

Quarto, vamos ajudar a construir um Indo-Pacífico mais resiliente.  A pandemia da Covid-19 e a crise climática têm realçado a urgência dessa tarefa.  A pandemia ceifou a vida de centenas de milhares de pessoas em toda a região, das quais mais de 143 mil homens, mulheres e crianças aqui na Indonésia.  Também teve um enorme impacto econômico, com o fechamento de fábricas e a interrupção do turismo.

Os Estados Unidos têm estado com o povo desta região a cada passo, até mesmo quando em nosso país lutamos contra a pandemia.  Dos 300 milhões de doses de vacinas seguras e eficazes que os Estados Unidos já distribuíram em todo o mundo, enviamos mais de 100 milhões de doses para o Indo-Pacífico. E destas, mais de 25 milhões foram enviadas para aqui, a Indonésia.  No final do próximo ano, teremos fornecido mais de 1,2 bilhão de doses ao mundo.  E já fornecemos mais de US$ 2,8 bilhões em assistência adicional à região para salvar vidas, incluindo US$ 77 milhões aqui na Indonésia para tudo o que diz respeito a equipamentos de proteção pessoal e oxigênio médico para hospitais.  E fornecemos essa ajuda gratuitamente, sem condições.  Ao fazer a maioria dessas doações através do Covax, asseguramos que elas sejam distribuídas de forma equitativa, com base na necessidade e não em política.

Ao mesmo tempo, estamos trabalhando juntos com nossos parceiros para acabar com a pandemia.  A parceria para vacinas Quad está desempenhando um papel fundamental nesse objetivo.  Estamos trabalhando juntos visando financiar, fabricar, distribuir e vacinar o mais rapidamente possível.  Cada país está intensificando sua participação.  A Índia se comprometeu recentemente a produzir 5 bilhões de doses adicionais até ao final de 2022.  A República da Coreia e a Tailândia também estão aumentando sua produção.

Estamos reunindo o apoio do setor privado para junto de nós.  Em uma reunião ministerial que convoquei no mês passado, lançamos algo denominado Global Covid Corps.  Trata-se de uma coalizão de empresas líderes que fornecerá conhecimento, ferramentas e capacidades para apoiar os esforços de logística e vacinação nos países em desenvolvimento, incluindo no último estágio do processo, e isso é fundamental para que as vacinas sejam efetivamente aplicadas no braço de cada um.  É isso que constatamos cada vez mais em todo o mundo: a produção de vacinas aumentou, elas são distribuídas, mas depois não são aplicadas no braço das pessoas devido às dificuldades do último estágio do processo, da logística que precisa ser resolvida, e é exatamente nisso que estamos nos concentrando.

Ao mesmo tempo, enquanto combatemos o vírus, estamos melhorando os sistemas de saúde na região do Indo-Pacífico, e no mundo inteiro, a fim de prevenir, detectar a próxima pandemia e responder a ela.  E a verdade é que sabemos como fazer isso.  Os Estados Unidos têm trabalhado com parceiros visando fortalecer os sistemas de saúde na região há décadas. Só na Asean, investimos mais de US$ 3,5 bilhões em saúde pública ao longo dos últimos 20 anos.  E temos muito para mostrar em relação a isso, quer no que diz respeito a melhorias significativas na saúde pública, quer também nas relações profundas que construímos in loco.

Como parte de nosso apoio à Asean, o presidente Biden anunciou recentemente que forneceremos US$ 40 milhões para a Iniciativa Futuros de Saúde entre os EUA e a Asean, que permitirá acelerar a investigação conjunta, fortalecer os sistemas de saúde, formar uma nova geração de profissionais de saúde.

Estamos também apoiando o desenvolvimento de um Sistema de Coordenação de Emergências de Saúde Pública da Asean.  Esse sistema vai ajudar os países da região a coordenar a sua resposta a futuras emergências de saúde.  E o primeiro escritório regional do Sudeste Asiático dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que abrimos em Hanói neste verão, já está apoiando esses esforços in loco.

Claro que a crise climática é outro desafio global que temos de enfrentar em conjunto.  As pessoas em todo o Indo-Pacífico já estão sentindo seu impacto catastrófico: 70% dos desastres naturais do mundo ocorrem nesta região, e mais de 90 milhões de pessoas na região foram afetadas por desastres relacionados ao clima em 2019.  No ano seguinte, na nossa própria costa do Pacífico, a Califórnia sofreu cinco dos seis maiores incêndios florestais da sua história.

Hoje, um grande número dos mais importantes emissores da região reconheceu a necessidade de agir com urgência, como vimos nas promessas ambiciosas que foram estabelecidas durante a COP26.  Em Glasgow, 15 países da região do Indo-Pacífico, incluindo a Indonésia, assinaram o Compromisso Global de Metano que visa reduzir as emissões em 30% no decorrer da próxima década.  Se todos os mais importantes emissores se juntarem a nós, isso terá um impacto maior na redução do aquecimento global do que retirar todos os navios dos mares e todos os aviões dos céus.

Mas seria um erro pensar no clima apenas através do prisma das ameaças.  Eis a razão: todos os países do planeta têm de reduzir as emissões e se preparar para os impactos inevitáveis das mudanças climáticas.  E essa necessária transformação para novas tecnologias e novas indústrias também proporciona uma oportunidade única de criar empregos novos, bem remunerados.

Acreditamos que essa oportunidade passa pelo Indo-Pacífico e já estamos trabalhando com nossos parceiros a fim de aproveitá-la.  Somente nos últimos cinco anos, os Estados Unidos já mobilizaram mais de US$ 7 bilhões em investimentos em energias renováveis na região.  À medida que intensificamos nossos esforços, estamos mobilizando uma constelação única de parcerias que estabelecemos: organizações multilaterais e grupos de defesa, empresas e filantropos, pesquisadores e especialistas técnicos.

Veja a Iniciativa Clean Edge que lançamos este mês, que reunirá a experiência e a inovação do governo dos EUA e do setor privado visando ajudar a promover soluções de energia limpa em toda a região.  Veja os mais de US$ 20 milhões que o presidente Biden se comprometeu recentemente com a iniciativa "Climate Futures" entre os EUA e a Asean, ou os US$ 500 milhões em financiamento anunciados na semana passada pela Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento dos EUA que visa ajudar a construir uma unidade de fabricação de energia solar em Tamil Nadu, Índia.

A fábrica, construída pela empresa americana First Solar, terá uma capacidade anual de 3,3 gigawatts.  Isso é o suficiente para alimentar mais de dois milhões de residências.  A construção e operação dessa instalação criará milhares de empregos na Índia, a maioria para mulheres, e centenas de outros empregos nos Estados Unidos.  E essa é apenas uma das formas pelas quais os Estados Unidos ajudarão a Índia a alcançar a sua ambiciosa meta de 500 gigawatts de capacidade de energia renovável até 2030 e, por sua vez, ajudarão o mundo a evitar uma catástrofe climática.

Ora, reconhecemos que, mesmo que a transição para uma economia verde produza um grande aumento de empregos, e estamos confiantes de que isso acontecerá, nem todos esses postos serão preenchidos por trabalhadores que perderam seu emprego em antigas indústrias e antigos setores durante essa transição.  Por conseguinte, temos uma obrigação com a qual nos comprometemos, de fazer com que todos participem.

Quinto, e por último, vamos reforçar a segurança na região do Indo-Pacífico. As ameaças estão evoluindo. Também nossa abordagem de segurança tem de evoluir com elas. Vamos procurar uma cooperação de segurança civil mais estreita a fim de enfrentar desafios que vão desde o extremismo violento, passando pela pesca ilegal, até ao tráfico de pessoas.  E adotaremos uma estratégia que une mais estreitamente todos os nossos instrumentos de poder nacional — diplomacia, forças militares, informações — com os dos nossos aliados e nossos parceiros. O nosso secretário de Defesa, Lloyd Austin, chama isso de "dissuasão integrada".

E se trata de reforçar nossas forças para que possamos manter a paz, como temos feito na região há décadas. Não queremos conflitos no Indo-Pacífico. É a razão pela qual procuramos uma diplomacia séria e sustentada com a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), com o objetivo final de desnuclearizar a Península Coreana. Vamos trabalhar com aliados e parceiros a fim de enfrentar a ameaça representada por programas nucleares e programas de mísseis da RPDC através de uma abordagem ajustada e prática, reforçando ao mesmo tempo nossa dissuasão alargada.

E é por isso que o presidente Biden declarou ao presidente Xi no mês passado que compartilhamos de uma profunda responsabilidade visando garantir que a competição entre nossos países não se transforme em conflito. Assumimos essa responsabilidade com a maior seriedade, porque não o fazermos seria catastrófico para todos nós.

No dia 14 de fevereiro de 1962, o procurador-geral dos Estados Unidos Robert F. Kennedy veio discursar nesta universidade. Ele falou sobre as lutas duradouras que nossos povos compartilharam e que, disse ele, tiveram de ser levadas adiante por jovens como os estudantes aqui presentes.  E citou algo que seu irmão, John F. Kennedy, então presidente dos Estados Unidos, afirmou sobre nossa visão para o mundo.  O presidente Kennedy declarou: "Nosso objetivo básico continua sendo o mesmo: um mundo pacífico, uma comunidade de Estados livres e independentes, livres para escolher seu próprio futuro e seu próprio sistema, desde que não ameace a liberdade dos outros."

Apesar de tudo o que mudou nos quase 70 anos que se passaram desde que o presidente Kennedy declarou essas palavras, é notável constatar até que ponto essa visão se alinha com a que compartilhamos.  E a razão pela qual estou tão grato por poder falar sobre isso aqui nesta universidade — na presença de estudantes e antigos participantes de nossos programas de liderança juvenil — é porque vocês são os que hoje ainda vão levar adiante essa visão.  Dessa forma, saibam que existem pessoas em todo o Indo-Pacífico, inclusive nos Estados Unidos, cujas esperanças e destinos estão ligados aos seus, e que serão seus parceiros firmes a fim de tornar o Indo-Pacífico, esta região que compartilhamos, mais aberto e mais livre.

Muito obrigado pela sua atenção. 


Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/a-free-and-open-indo-pacific/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deverá ser considerado oficial.


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